Robert Merton sobre a crise financeira

O economista laureado Robert Merton utiliza as ferramentas da teoria financeira moderna – que o próprio também desenvolveu – para perceber algumas das dinâmicas mais inesperadas da corrente crise económica e subsequente propagação para as instituições financeiras: porque é que o risco de mercado cresceu de uma forma muito acentuada(?); qual a razão das perdas colossais e continuadas dos agentes financeiros(?); como é que modelos de avaliação de risco tipicamente utilizados (VaR) falharam tão notavelmente (?).

Para simplificar a resposta a tais questões, Merton utiliza a seguinte decomposição dos activos arriscados detidos pelos bancos (créditos hipotecários):

activo sem risco (asr) = activo com risco (ar) + garantia sobre activo (g)

<=>        ar = ars – g

Significa isto que a aquisição de activos (empréstimos) pelos bancos pode ser decomposta em duas partes: aquisição de um activo sem risco (empréstimo ao governo dos EUA), e alienação de uma garantia sobre esse activo. A parte interessante desta analogia é que uma garantia nada mais é do que uma opção de venda sobre o valor de um determinado activo que funcione como colateral no empréstimo. Portanto, se o preço de um activo for inferior ao preço contratualizado, então a opção terá o valor correspondente à diferença entre esses dois preços. No exemplo de um empréstimo para uma habitação, esta garantia significa que, em caso de incumprimento, o banco terá de pagar a diferença entre o valor de mercado do imóvel (que será penhorado e vendido) e o valor do empréstimo contratualizado.

A utilidade de um raciocínio em termos de opções de venda reside no facto da ciência económica já conhecer muitas das propriedades que determinam o seu valor. Este será:

  • uma função convexa do preço do activo subjacente;
  • crescente com a volatilidade do activo subjacente;

Com estas duas propriedades conseguem-se – pelo menos parcialmente – obter explicações sobre as rápidas a queda abrupta dos activos no sistema financeiro, o disparo no preço do risco, e a falha nas previsão dos modelos de avaliação de risco utilizados pelos bancos.

Mas o melhor será mesmo ver a clarividente explicações do próprio Robert Merton no seguinte vídeo.

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