Frase do Dia contra o Comércio Internacional

Frase do dia por Barack Obama:

“It’s a game where trade deals like NAFTA ship jobs overseas and force parents to compete with their teenagers to work for minimum wage at Wal-Mart.”

No típico discurso ziguezagueante dos políticos, Barack Obama tece a sua crítica mais expressa sobre o comércio internacional. Um candidato com valores como a responsabilidade intelectual ou a consistência moral não empenharia tais crítica baseadas em argumentos vazios. Mas este tipo de discurso convém já que os próximos estados para as eleições à nomeação são o Wisconsin e o Ohio, que nos últimos anos têm visto um decréscimo no emprego na indústria manufactureira. Mas atenção! Essa perda de postos de trabalho não está a ser originada principalmente pelo comércio mas pela alteração tecnológica que substitui progressivamente mais trabalho da indústria para os serviços. Será que Obama não quer também terminar com o progresso tecnológico?

O que é certo é que depois destas declarações Barack vai perder o apoio de muitos economistas.

(Lawrence Summers fala sobre a NAFTA – via gregmankiw.blogspot.com)

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5 respostas a Frase do Dia contra o Comércio Internacional

  1. A. Cabral diz:

    Ele nao diz nada que seja mentira. Como negar que a NAFTA facilitou a transferencia de fabricas da GM para Sul da fronteira?

    Mais, todos os candidatos nesta campanha desdizem a NAFTA.

  2. Miguel Madeira diz:

    “Essa perda de postos de trabalho não está a ser originada principalmente pelo comércio mas pela alteração tecnológica que substitui progressivamente mais trabalho da indústria para os serviços.”

    Penso que isso implicaria que a produtividade do trabalho tivesse subido mais na indústria do que nos serviços.

    Eu desconheço se subiu mais ou menos (suponho que seja fácil obter esses dados), mas duvido que tenha subido mais, por duas razões:

    – as inovações mais “badaladas” dos últimos anos (computadores, telémoveis, etc.) parecem-me, à partida, mais “poupadoras de trabalho” nos serviços do que na indústria (mas talvez as inovações da indústria sejam pouco “badaladas” – as TI têm mais glamour que os novos tipos de maquinaria industrial…)

    – creio que, nos EUA, os salários na indústria têm subido menos que os salários médios, o que é dificilmente conciliável com a produtividade estar a crescer mais na indústria que nos serviços.

  3. Tiago Tavares diz:

    Caro Miguel:

    A especialização resultante do comércio internacional não resulta do nível absoluto da produtividade do trabalho mas do nível relativo face aos parceiros comerciais.

    Assim a produtividade (e salários reais) que deve ser comparada é a dos EUA relativamente à dos outros países para os diversos sectores. A especialização ocorrerá (num mundo perfeito) para os sectores relativamente mais produtivos. Mesmo com a produtividade nos EUA a crescer mais na indústria que nos serviços, se por exemplo no México as taxas de crescimento relativas forem ainda superior, a tendência será de que o México se especialize na indústria. Não é a vantagem absoluta que interessa mas a vantagem relativa.

    (atenção que o salário está relacionado com a produtividade marginal e não com a produtividade média)

    mas se quiser consultar estatísticas sobre produtividade e custos de trabalho por secor pode ver aqui:
    ftp://ftp.bls.gov/pub/special.requests/opt/dipts/ipr.aiin.txt

    Caro Cabral:

    A questão mais importante que devemos considerar na defesa do comércio livre é a gestão da quantidade de trabalho disponível para ser aplicada para os fins mais adequados. Os grandes pensadores clássicos como Smith, Ricardo (e até Marx) chegaram à conclusão que este trabalho é assegurado pela especialização. Imagine por exemplo um médico jovem que manda a assistente com já alguma idade correr todo o hospital para trazer uns medicamentos. Certamente que o jovem conseguiria fazer essa tarefa mais rapidamente que a assistente mas no entanto desperdiçaria nessa trabalho que ele saberia desempenhar muito melhor e daí a especialização entre as funções de médico e assistente (apesar do médico ser mais produtivo nas duas tarefas). No comércio internacional acontece o mesmo. O trabalho nas indústrias americanas intensas em força humana representa um “custo” para a sociedade americana pois poderia ser alocado para actividades em que este pode ser muito mais produtivo nos EUA já que o México consegue assegurar a produção dos bens que os EUA iriam abdicar de produzir para produzir o que melhor sabem fazer. Ou como um presidente norte-americano uma vez disse “trata-se de assegurar os empregos do futuro e não os do passado”. O melhor é que com esta especialização dos EUA o México também beneficia. É por isso que normalmente os economistas são tão a favor do comércio livre.

  4. Miguel Madeira diz:

    “A especialização resultante do comércio internacional não resulta do nível absoluto da produtividade do trabalho mas do nível relativo face aos parceiros comerciais.”

    Mas a sua posição não era a de que a mudança da indústria para os serviços era causada pela mudança técnológica e não pelo comércio internacional?

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